Olá, como vai você?
Eu estava ansioso para escrever essa carta. Ela é meio que a primeira carta em sequência depois de muito tempo. Talvez eu esteja começando uma segunda temporada aqui desta newsletter. Por aqui estou gripado depois de uma crise extensa de estresse, confusão mental e culpa. Acredito que seja só gripe, mas fiz o exame PCR e estou longe do trabalho para a segurança de todos. Sigo aprendendo coisas.
Tenho me sentido mais motivado que o normal em algumas partes da vida, enquanto outras tem sido incômodas, árduas talvez seja uma forma de descrever. É quando me sinto mais exposto que também me sinto mais forte, mais confiante. Talvez eu esteja misturando as coisas aqui, mas é um sentimento também bem difícil de lidar.
Estou exposto em muitos aspectos, e me sinto ainda mais quando compartilho isso aqui para as pessoas que assinam e para quem eventualmente possa ler. É curioso como eu tento fazer com que o texto aqui seja o mais diretamente parecido o possível com algo que todas as pessoas podem sentir. Escrever a forma como eu me sinto e enviar pelo correio eletrônico no ano da graça de dois mil e vinte e um me parece uma forma muito estranha de me conectar com o mundo real. É também uma forma de te dar algo com o que se conectar também caso esteja sentindo seu coração, sua mente ou seu estômago perdidos por aí.
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Eu estou escrevendo essa carta enquanto ouço a música Khmlwugh, de HOMESHAKE. Eu não saberia descrever o que é HOMESHAKE, mas foi o que deu para beber em cima de Parallel Lines, de Kings of Convenience. A água depois do salto. Às vezes fico me perguntando enquanto escrevo aqui se as coisas que eu falo fazem sentido. Às vezes sinto que as ligações entre os fatos e as curiosidades e os sentimentos são feitos de uma linha de fumaça que só eu enxergo. Falando em linha de fumaça, você já viu um incensário cachoeira de fumaça ou coisa do tipo? É o utensílio decorativo/de cheirinho que tem prendido minha atenção em anúncios de redes sociais.
Vai, me diz que isso não é incrível? Uma das coisas que eu aprendi hoje com uma amiga foi como existem coisas incríveis acontecendo em nossa vida o tempo todo. Não é esse papo de auto-ajuda se ame se perdoe não. Na verdade é um pouco, mas é a parte que faz sentido de tudo isso.
Às vezes o peso é tão grande nas bagagens que carregamos, sejam elas familiares, particulares, amorosas, profissionais, políticas (fora bolsonaro pelo amor de deus tá difícil aguentar seu lunático paranoico inepto e assassino) macro ou microeconômicas, que a gente encontra pequenos tropeços pela vida e eles se tornam motivo de reequilibrar todo esse peso. É difícil. E culpamos o tropeço, mas o que deixa tudo difícil é todo esse peso.
E ali bem do lado tem muita coisa acontecendo. E muita coisa boa. O caminho às vezes até ajuda com todo esse peso. Mas nós focamos nossa atenção nos tropeços, nos erros, nas falhas, nas marcas indeléveis de todos os vareios da vida. Existem pequenos prazeres para serem aproveitados muito mais do que existe percalço para o tropeço, apesar de estarmos passando por esse pedaço de mal caminho.
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Além disso, terminei recentemente de assistir as três temporadas da comédia noir Bored to Death, da qual comentei na carta passada. Passou muito rápido, rendeu algumas gargalhadas e um humorzinho de referências de noveletas e televisão de antigamente. Foi difícil encontrar outra coisa para assistir, confesso que demoro a escolher porque detesto largar uma série pelo meio do caminho. Muito ruim abandonar narrativas seriadas no terceiro episódio.
Dessa vez em vez de navegar todo o catálogo de todos os serviços de streaming, fui direto nos meus favoritos daquele serviço roxinho que eu só vou escrever o nome quando me patrocinar. Neste serviço comecei a ver Starstruck. O que era para ser a adaptação mais adulta, engraçada e afiadinha de um filme B adolescente de 2010 da Disney acabou sendo exatamente isso aí mesmo. Um passatempo adolescente com carinha de entretenimento indie, o que a BBC faz de melhor. Obrigado BBC.
.tchau
Eu agradeço demais a você que me lê mesmo com essas cartas chegando sem muito critério em sua caixa de entrada ou passando como quem não quer nada na sua timeline. A verdade é que eu quero muito chegar a muitas timelines e falar com ainda mais gente, então te peço para compartilhar essa newsletter, pode ser inclusive encaminhando como você faria com um e-mail normal.
Se você chegou até aqui por qualquer uma das alternativas acima, o que acha de assinar para receber em seu e-mail também?
Eu estou me sentindo confiante, coisa difícil de acreditar sendo eu o Wing Costa. Mas você já sabia disso.