Olá, como vai você?
Espero que a virada tenha sido boa por aí. Por aqui foi. Muita coisa na cabeça, uma gripe logo em seguida. E assim seguimos. Há um tempo não nos falamos, não é mesmo? Mas espero que isso mude em 2022, como eu espero que muitas coisas mudem (a primeira dessas esperanças é a mudança de presidente).
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Muitas coisas realmente mudaram desde que eu escrevi a mensagem acima. Eu comecei a escreve-la no dia 31 de dezembro de 2021. Ela foi aberta algumas vezes desde então, mas só hoje tive a coragem de abrir novamente essa folha já não mais em branco para continuar o que seria uma mensagem de despedida de um ano, mas se transformou nas boas vindas de uma nova volta do nosso planetinha ao redor do sol.
As coisas continuam mudado. Agora eu mesmo mais perto de uma nova volta no relógio que a gente usa pra contar a vida. Mais perto do meu aniversário, eu quis dizer. Às vezes eu falo de maneira muito intrincada, eu sei. Vai saindo pelos dentes porque eu não gosto muito da data. Esse não gostar acontece desde a infância. Eu não gostava porque minha mãe insistia em me vestir de roupa chique para uma comemoração com diversas comidas feitas por ela mesma. E o bolo. Mas eu não gostava, me sentia envergonhado daquilo. Não parecia que as pessoas estavam ali por mim. Era só mais um dia com a família andando pela casa, mas um dia com mesa enfeitada.
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Hoje, pouco tempo antes de decidir terminar de escrever essa carta, eu estava pensando numa tristeza súbita que tive. As tristezas súbitas são sempre bem difíceis. Eu não conseguia entender a tristeza. Algumas conversas depois, desci as escadas e senti um cheiro muito específico.
Era o cheiro da casa de umas amigas da minha mãe, umas senhoras de 60 e poucos anos que moravam sozinhas numa casa de frente para a casa dos meus avós, onde cresci. Minha mãe muitas vezes por semana atravessa a rua para a casa de Maria. Ela ficava lá conversando. Acho que fumava lá também, minha família julgava bastante esse hábito dela, que minha mãe tentava esconder, mas eu sempre via enquanto ela conversava com as amigas dela.
Acho que minha mãe teve muitos desgastes na vida e fumar e conversar com as amigas era a forma que ela encontrou para reduzir esses desgastes. O jeitinho dela de aproveitar aquele pedaço de vida que ela tinha entre o trabalho e o filho. Eu ficava quietinho vendo televisão, ela tinha as amigas perto, acho que funcionava pra ela.
Hoje eu percebo que isso me fez gostar muito e ter um repertório muito amplo da programação da tevê aberta dos anos 90 e 2000, mas me fez perceber também que a minha mãe encontrava o conforto dela nas amigas. Eu sempre busquei o conforto dos meus amigos. O carinho irrestrito.
Hoje eu tenho uma fonte disso dentro de casa, minha esposa é meu conforto, meu carinho irrestrito. E essa segurança é algo que eu só pude conhecer agora, aos 30 e poucos anos. Eu ainda estou perdido se faço 30 ou 31 anos de idade.
Essa segurança me faz seguir e entender muitas situações da vida de maneira mais madura. E o que eu busco é fazer com que essa segurança só aumente. É muito bom ter saúde mental, eu tuitei esses dias. É a primeira vez que eu me sinto saudável. E isso é indescritível. Você se sente saudável?
Escrevi essa carta ao som dessa playlist de músicas que fiz reproduzindo a playlist que tocava enquanto eu esperava para tomar a segunda dose da vacina contra a covid. Vacina salva vidas. Mas eu não me vacinei naquele dia. Estava fora da janela de tempo. Essa playlist, pelo menos, é algo muito bom que tirei dessa experiência. Estou tentando observar as coisas boas que acontecem por aqui.
A carta hoje está um pouco mais longa que o habitual porque há muito não nos falamos. Tenho novidades. Vou deixar de ser servidor público da comunicação do Governo do Espírito Santo. Foi um período muito interessante dessa trajetória de trabalhador da comunicação. Aprendi muita coisa e tive oportunidade de exercitar muita coisa e conhecer muita coisa. E isso me fez mudar um pouco. Entender que talvez eu pudesse oferecer outras coisas enquanto trabalhador da comunicação.
Então se você está lendo esta carta é porque eu decidi deixar a “segurança” de um emprego público, que imodestamente julgo que faço com muita competência, para oferecer comunicação por aí.
Uns amigos queridos apostaram na minha capacidade de comunicar e me deram a oportunidade de criar para eles. Hoje eu faço o conteúdo das redes sociais do maior estúdio de tatuagem do Espírito Santo, a Zero27. O lugar é mais que um estúdio de tatuagem e bodypiercing, é um espaço em que é possível trocar experiências e construir — em conjunto com muita gente diferente — narrativas em texto e estética.
Segue lá.
https://www.instagram.com/zero27tattoo/
Eu me sinto preparado como nunca me senti para produzir, não só com eles num estúdio com coisas legais acontecendo o tempo todo, mas para outras parcerias que eventualmente eu posso contar por aqui.
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A dica da carta é o canal da Liziqi, uma chinesa incrível.
Ela colhe e seca o chá que ela vai tomar. Sério. E ainda é meio ASMR. Vale a pena.
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Eu sou o Wing Costa e foi assim que começou o ano por aqui. E agora você já sabe disso tudo. Eu tenho o objetivo de trabalhar o suficiente para que eu possa escalar as nossas conversas por aqui também, levá-las para outros meios, criar vínculos diferentes. Quem sabe não volta um podcast ou aparece um canal. O que você acha de acompanhar comigo essa nova etapa? Acho que pode ser interessante pra todos nós.
Me responde esse e-mail para falar o que achou da nossa conversa hoje? Acho que essa vai ser a resposta mais importante que eu vou receber, a sua resposta. Quem sabe você não passou por situações parecidas. E quem sabe você não passou pelas mesmas situações e lidou com elas de maneira diferente. Eu quero saber se você está aí do outro lado com interesse em continuar essa nossa conversa.
Um abraço!