Olá, como você tem passado?
Eu estava olhando pela janela e lembrei de você. De vocês que assinam essa cartinha ou que chegam até aqui pelo link em qualquer rede social. Um vizinho de um prédio distante toca saxofone enquanto eu te escrevo. Eu estava ouvindo ele tocar antes de escrever também. E pensando em você. Ontem eu tive duas boas ideias que se conectavam perfeitamente e eu já havia imaginado o que escrever e até uma sessão nova para cá. Mas eu esqueci. E o cara do saxofone me fez lembrar que eu esqueci. Faz algum sentido isso? A memória é um brinquedo traiçoeiro.
.afetos
Desempenhar funções criativas me faz enxergar algumas coisas no mundo. É como se naquele momento ali de executar ideias alguns fiozinhos se chocassem e saísse um monte de faísca. Às vezes parece também um soldador. Você já viu um soldador trabalhando? Ele está sempre paramentado, com uma roupa até meio fantástica. O cara que tá fazendo aquela faisqueira doida para o alto pra colar dois materiais minerais, aquele cara é um ser mágico. Porque você olha para aquela roupa doida aqueles oclão maluco e não podem olhar diretamente para a solda. Mas a gente que está passando pela rua e vendo o soldador trabalhar, a gente não consegue tirar o olho daquele espetáculo. Eu pelo menos não conseguia. Não consigo até hoje. Eu quero sempre olhar para a solda, mesmo que depois os olhos fechados comecem a enxergar milhares de estrelas que todas muito miúdas e juntas formam um breu. Mas que eu sei que está iluminado.
.mais afetos
Rapaz, eu caprichei nas metáforas hoje hein? Acho até que me fez lembrar o que eu queria falar num primeiro momento. Era sobre a entrevista de Lucas Liedke para o podcast da Revista Gama. Nesse podcast eles conversam sobre muitas coisas, mas o tema principal no meu entendimento foi a forma de conseguir comunicar os sentimentos. O Lucas, que eu conheci através do podcast, é psicanalista e faz posts muito legais explicando questões de saúde mental e, bom, comunicando sentimentos. Ao ouvir sobre o trabalho do Lucas, pensei que talvez fosse esse o meu objetivo aqui também. Falei que estou começando uma temporada nova, então vamos dar nome a ela, algo sobre comunicar sentimentos haha. Mas é sério, o que eu faço aqui muito para além de ser uma forma de tentar dar alguma ordem ao caos que é o meu pensamento, alimentado pelo meu consumo completamente aleatório de informações diariamente. Esses são apenas os trilhos por onde o trem da angústia, da depressão, da síndrome do impostor, da distimia, dos medos cotidianos e da revolta e da raiva e também da alegria. É um trem bem grande como vocês podem notar. Estou cheio de metáforas hoje, mas a minha preferida foi essa ferroviária. Eu tento escrever aqui para você sentir aí que não está sozinho nesses pensamentos estranhos que te acometem e fazem assistir à série-documentário do Hayao Miyazaki e se pega aprendendo a separar células do Excel (spreadsheets pra ser sincero) às 2h34. Você não está sozinho nessa, como eu também não estou.
Vi num vídeo no YouTube que a aleatoriedade é um tema físico bem complexo. Coisas sobre o universo já estar determinado desde o Big Bang a seguir o curso que ele está seguindo. O vídeo falava também de computadores e jogadas de dados. “Deus não joga dados com o universo”, diria o Einstein, eu acho, sobre o universo ser ou não aleatório. Eu não sei o que significa ainda. Mas queria dizer que os pensamentos e histórias e referências e indicações e sentimentos que eu compartilho aqui podem até parecer aleatórios, mas tem sempre uma razão de ser. Mesmo que essa razão seja completamente maluca, mas eu sou o Wing Costa, afinal.
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